sábado, 6 de agosto de 2011

Soneto das Lâminas

Meu corpo já não pulsa e sim lateja
Uma faca atravessa minha mente,
Dilacera os meus sonhos de repente
E arrasa tudo aquilo que deseja

Cada vez que avisto esperança em frente,
Cortam-me os olhos para que não veja
E qualquer desejo, qualquer que seja,
É podado ainda quando é semente

Sinto o gélido fio da navalha,
Cego, ele não corta, mas estraçalha
Enquanto roça em minha liberdade

As lâminas não têm tempo ou espaço
Mas basta uma real, forjada em aço,
Para que eu durma pela eternidade

2 comentários:

  1. Belo soneto, hein velho. Musicou?

    Essa faco creio que todos temos. Embora dolorosa, talvez seja essencial.

    Acho que não falam exatamente da mesma faca, mas me lembrou esse poema aqui - do Cabral de Melo para Vinícius:
    http://usuarios.cultura.com.br/migliari/br_jc01.htm

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  2. Não costumo musicar meus sonetos, musico outros tipos de poemas.

    Gostei muito do poemas do Cabral, muito bonito.

    Abraço!

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