quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Soneto da Revolução

Quero pôr fogo na capela inteira
Mostrar o nosso império decadente
Expor nossa condição deprimente
E jogar esse lixo na fogueira

Ninguém escapa desse fogo ardente
Nem crente, pastor, padre, bispo ou freira
Serão os primeiros a cair da beira
Do precipício à lava incandescente

Constroem suas igrejas sagradas
Com minérios e pedras lapidadas
Enquanto de fome morrem os pobres

Será o inferno que acreditam tanto
Acabando com tudo o que é santo
Libertando-nos da sina e dos nobres

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Soneto das Vozes

Escutei todas as vozes do mundo
Mas não reconheci nenhuma delas
Escute-ias por um longo segundo
E depois se calaram em suas celas

Deixaram seus ecos todas aquelas
Que já sofreram de um choque profundo
Essas serão sempre as vozes mais belas
Que caminharam neste mundo imundo

Todas as vozes, em celas trancadas,
Sujas, grotescas, perdidas, frustradas
Cantam gritando, sempre dissonando:

"Não temos almas e nem corações,
Temos a lógica e nossas razões
E a leve impressão que o fim vem chegando."

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Versos Solitários

I

Eu vou correndo a luz da lua cheia
E nisso o vento traz a sua voz
Enquanto o rio deságua tão atroz
Em minha face, o rio em cheia anseia.

O sino soa á meia noite e meia
Em si se perde as águas lá na foz.
E assim se encontra o coração a sós
Que pelas veias sangue não bombeia.

II

Em seu lamento espero julgamento:
Por quanto tempo terei de aguentar?
E quantos anos terão de passar?
Eu inocento o tempo e jogo ao vento.

E nessa angústia estendida ao relento
Os dias vão como quem quer ficar
Na solidão que está no caminhar
Das boas notas no andamento lendo.

III

Ser um ser só sendo só sem sentido
É ser escasso, simplório e distante,
Visto que somos somente no instante
Que suplicamos o tempo perdido.

Se em solidão você fica escondido
Não saberá o que é que te espera avante,
Quero coragem e seguir adiante
Para saber a que venho vivido.

domingo, 14 de agosto de 2011

Soneto de um Papel

Mais um pedaço de papel apenas
Onde podem desenhar e escrever
Escrever sempre com letras pequenas
Para que outros não consigam ler

Pintam e esboçam o que querem ter
Usam pincéis, carvão, lápis e penas
Gravam segredos querendo esconder
Sempre evitando usar palavras plenas

Quem além de escrever ama o que escreve
Cria com o papel um elo estável
E romances românticos descreve

Porém quando o papel é descartável
Cruelmente amassado, quem se atreve?
Um coração seria reciclável?

Soneto Incerto

Eu sinto muito medo do futuro
E temo descobrirem meu passado.
Um que me condena, outro que é inseguro,
Mas qual será o que está de cada lado?

Um passado mergulhado no escuro,
Um futuro em lágrimas afogado,
Como pesa essa carga que eu aturo!
O que o destino tem de reservado?

Nada! Não existe fatal destino
Que te segue até que toquem seu sino!
Não existe azar e tampouco sorte.

Do futuro nada se sabe ao certo,
O passado não é visto de perto,
Então só se tem certeza da morte.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Persigo-me

Não se surpreenda com o que eu penso
Só se seu segredo é o silêncio
E se o seu ouvido é um perigo
Então o seu abrigo está perdido

Não me encontrara com seus encantos
Em cantos que o seu olhar se mete
Nesses olhos, eles brilham tanto
Quanto césio cento e trinta e sete

Sua face que fascina fácil
Minha sina, minha assinatura
Que da cabo a cura
Vai acabar em epitáfio

Minha casca de cascalho gasto
Os teus textos, a tua textura
Que traz a loucura
Para queimar todo meu maço

Não se espante com meus sentimentos
Segrego meus segredos na sarjeta
Que detonam dentes e lamentos
São brinquedos feito espoleta

Soa uma fala de desprezo
Preza sempre a pressa e a espera
Mas destrói tudo o que mais prezo
Como houve em porto primavera

Sua face que fascina fácil
Minha sina, minha assinatura
Que da cabo a cura
Vai acabar em epitáfio

Minha casca de cascalho gasto
Os teus textos, a tua textura
Que traz a loucura
Para queimar todo meu maço

Te persigo por entre meus rastros
Que meus pés fizeram pela vida
Perco-me no ponto de partida
No final você me suicida

domingo, 7 de agosto de 2011

Soneto de um Olhar

O que será esse olhar iluminado
Que reluz os mais claros sentimentos?
Extingue do coração os lamentos
Que sempre atormentaram meu passado.

Minutos e segundos estão lentos.
Duas estrelas, tempo congelado...
Ambas oscilam e eu sou acordado.
Libertado, sinto meus movimentos.

Porque eles me torturam, interferem
Em meus pensamentos com uma faca,
Mas quando se vão ainda mais ferem?

Serão esses os olhos de ressaca
Que moldam corações como bem querem?
Penetram tão fundo quanto uma estaca...

sábado, 6 de agosto de 2011

Garoa

Garoa que voa
Nas roucas cordas do meu violão
Escoa e destoa
Lave essas pedras que firmam o chão

Garoa tão boa
Que pelas gotas se faz a canção
Que soa e entoa
Velhos acordes que dão solidão

Sombras na luz a brilhar,
Tão belas as gotas são,
Que ao pelo poste passar,
Rápidas caem em vão.

Seguem o céu a chorar,
Descem com a escuridão,
Perdem-se neste voar
Para chegarem ao chão.

Garoa que voa
Nas roucas cordas do meu violão
Escoa e destoa
Lave essas pedras que firmam o chão

Garoa tão boa
Que pelas gotas se faz a canção
Que soa e entoa
Velhos acordes que dão solidão

Gotas que estão a molhar,
Não saberei se elas dão,
Em seu singelo pintar,
Cores ao meu violão

Só posso me perguntar:
São essas gotas ou não
Que neste eterno chegar
Molham o meu coração?

Garoa que voa
Nas roucas cordas do meu violão
Escoa e destoa
Lave essas pedras que firmam o chão

Garoa tão boa
Que pelas gotas se faz a canção
Que soa e entoa
Velhos acordes que dão solidão

Soneto das Lâminas

Meu corpo já não pulsa e sim lateja
Uma faca atravessa minha mente,
Dilacera os meus sonhos de repente
E arrasa tudo aquilo que deseja

Cada vez que avisto esperança em frente,
Cortam-me os olhos para que não veja
E qualquer desejo, qualquer que seja,
É podado ainda quando é semente

Sinto o gélido fio da navalha,
Cego, ele não corta, mas estraçalha
Enquanto roça em minha liberdade

As lâminas não têm tempo ou espaço
Mas basta uma real, forjada em aço,
Para que eu durma pela eternidade

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Começando

Bom, finalmente vou começar a usar esse blog.
Pretendo colocar minhas composições aqui, independente do tipo de composição.
Minha veia principal é trabalhar poesia, canção e música instrumental.
Abraço a todos e espero que gostem.

Lucas